Abstract: A actualidade de Alan Turing advém da intemporalidade dos tópicos que abordou e da perspectiva inovadora que adoptou sobre eles. Turing
determinou os limites algorítmicos da computabilidade quando definida
por um mecanismo. Na verdade é essa a sua originalidade, que tanto
impressionou Gõdel, dada a simplicidade do mecanismo, a que chamamos
hoje Máquina de Turing. Introduziu a perspectiva do Funcionalismo,
mostrando que o que conta são a realização de funções, independentemente
do hardware (terráqueo ou extra-terráqueo), e provou que toda a
computação pode ser realizada por meio de um mecanismo o mais simples
possível; uma fita ou rolo sem fim de papel aos quadrados (e.g. o
higiénico) combinado com um autómato finito (e.g. a máquina MultiBanco).
Além da sua simplicidade física, mostrou a sua generalidade universal:
ou seja, a capacidade mimética ilimitada dessas máquinas conceptuais,
capazes de imitar qualquer outra, e apenas baseadas na manipulação de
símbolos (digitais como os dedos de uma mão), manipulação também ela
expressa apenas por símbolos, e por isso mesmo imitável. Não se
inventou até hoje um processo computacional mecanizável geral que não
fosse expressável nesses termos, com arbitrária aproximação. Mesmo quem
se reclama de redes neuronais, e sabe-se lá que mais, simula em
computador digital esses processos! Haverá limites à Computação, é a
pergunta. Como se houvesse algo para além dela, quando os físicos
descobrem que o universo afinal pode bem ser digital (o tempo também é
quântico) e está em expansão julga-se que irreversível a fita da máquina
de Turing pode sim ter tamanho ilimitado! E os biólogos descobrem que a
vida é computação! A essência de Turing é o funcionalismo universal,
e este não se vai embora, É o fantasma da máquina que ainda nos
acompanha no século XXI, e nos acompanhará, felizmente, per omnia
seculorum. A sua consequência epistemológica é uma relação simbiótica de
evolução conjunta do homem e da máquina, porque ambos feitos duma mesma
funcionalidade teórica! Será a "Ciência da Computação" uma Ciência,
tomando como requisito de ser ciência de que possa ser testada pela
realidade? Por uma tal definição a Matemática não é ciência já que a
realidade não serve para a falsificar. Será a Computer Science uma
ciência no sentido atrás suposto? Como responderia Turing? Responderia que... |