A modelação matemática da propagação de doenças infecciosas tem quase
cem anos de história. Os primeiros modelos, muito simplificados,
contribuiram significativamente para a compreensão do fenómeno e estão
na base de diversas extensões que têm sido exploradas nas últimas
décadas com vista a reproduzir os padrões de incidência observados.
Faremos um resumo destas abordagens, que se inscrevem no quadro de uma
descrição determinista do processo. Mas, em populações finitas e
discretas, existem efeitos estocásticos devidos à aleatoriedade dos
eventos e correlações devidas à estrutura da rede de interacções que os
modelos analíticos tradicionais não têm em conta. Discutiremos a
importância destes efeitos em vários aspectos da fenomenologia,
nomeadamente na produção de padrões de epidemias recorrentes e na
probabilidade de que uma infecção localizada se propague a toda a
população. |